Barragem do Canal São Gonçalo e sua Eclusa

Criação

Como resultado do trabalho desenvolvido desde a criação da Comissão Mista Brasileiro-Uruguaia, em 1963, os dois governos conquistaram o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Food and Agriculture Organization (FAO), para realização do projeto CLM/FAO/PNUD de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (VIANNA, 2012).

Dentre as obras de infraestrutura físicas executadas pelo projeto, o complexo Barragem e Eclusa do Canal São Gonçalo foi a primeira grande realização do Plano de Desenvolvimento da Bacia Lagoa Mirim. Até hoje um acontecimento com grande importância histórica, política, econômica, ambiental e social.

Inaugurada em 1977, a barragem e sua eclusa são estruturas hidráulicas dispostas no Canal São Gonçalo. A barragem atua no impedimento da entrada das águas salinas do Oceano Atlântico na Lagoa Mirim, possibilitando o controle da qualidade da água doce destinada a irrigação, consumo humano e pecuária. Por sua vez, a eclusa possibilita a navegação no Canal São Gonçalo.

Barragem Eclusa

Características Técnicas

A barragem foi construída transversalmente ao canal, tendo 245 metros de comprimento. Sua parte central possui 217 metros de extensão e 18 comportas com vão livre de 11,80 m e 3,20 m de altura. O coroamento da parte fixa da barragem fica na cota – 2,00 metros e o topo das comportas fechadas atinge a cota + 1,20 metros. Sobre a barragem há uma ponte de serviço, apoiada em pilares com intervalo de 12,05 m, onde estão dispostos os guinchos para operação das comportas.

Barragem

Por sua vez, a eclusa está posta na margem oeste do São Gonçalo e é formada por uma câmara central com 17 metros de largura, 120 metros de comprimento e 5 metros de profundidade. Lateralmente, esta câmara é delimitada por um diafragma de concreto armado e o fundo é protegido por uma camada de brita corrida.

Em cada extremo da eclusa está instalada uma comporta do tipo basculante, com 17 m x 8 m, cuja finalidade é controlar o nível d’água da câmara para a passagem das embarcações. Essas comportas são operadas por guinchos de acionamento eletromecânicos, através de cabos de aço. Além disso, colocadas a jusante e à montante da eclusa, estão duas comportas de manutenção, flutuantes, com 17 m x 6,75 m.

Nos dois extremos da eclusa existem muros guias destinados à proteção das embarcações por conta da correnteza e turbilhonamento da água nas proximidades do vertedouro da barragem. Esses muros guias têm uma extensão de 120 metros e estão afastados do alinhamento da eclusa de modo a permitir o acostamento das embarcações sem interferir com o tráfego da eclusa.

Importância

A barragem foi construída para impedir a intrusão das águas salinas, oriundas do mar, através da Laguna dos Patos e conduzidas pelo Canal São Gonçalo em direção a Lagoa Mirim. A inibição da passagem das águas salinizadas, a partir do barramento garante a qualidade da água doce para múltiplos usos, , quer seja para consumo humano, dessedentação animal ou fins agrícolas, como a irrigação. Além disso, permite que as espécies lacustres existentes, tenham um ambiente propício e permanente ao seu desenvolvimento.

foto da barragem de pelotas

As águas captadas do Canal São Gonçalo e Lagoa Mirim, cuja qualidade é assegurada pela barragem do São Gonçalo, são utilizadas para o consumo humano das cidades de Capão do Leão, Pelotas e Rio Grande. Somado a isso as águas da bacia hidrográfica da Mirim-São Gonçalo são captadas para atender significativas áreas de arroz irrigadas por inundação na região.

Referências Bibliográficas

Acervo ALM.

VIANNA, Manoel Luiz. Extremo Sul do Brasil: um lugar esquecido. Pelotas: Editora Textos, 2012.

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